EUA
Após pandemia, o grande desafio na esfera econômica mundial encontra-se em controlar as pressões inflacionarias. O cenário não é diferente nos EUA, onde a economia permanece aquecida, surpreendendo com fortes dados de atividade e emprego, mesmo com os sistemáticos aumentos na taxa de juros.
De positivo, nota-se uma melhora sobre o nível de stress financeiro, sem novos bancos relevantes e/ou conhecidos ruindo à medida que os juros sobem e com um sentimento claro de final de ciclo de aumento de juros. Entretanto, ainda pairam dúvidas sobre onde termina esse ciclo de aumento (e consequentemente quando se inicia o período de redução, já que os juros americanos estão na máxima histórica das últimas décadas, em um patamar restritivo) e qual a possibilidade de uma recessão nos EUA, que tem impacto direto sobre todos os mercados e economia.
CHINA
Na China, houve uma nova reflexão sobre o dinamismo observado com o aparente definitivo fim da política de covid zero. O setor de imóveis (principalmente residencial, que tem influência gigantesca sobre o desempenho da Economia) segue surpreendendo negativamente, em patamares muito deprimidos (próximos ao ano de 2022). Esse cenário exerce especial pressão baixista sobre as commodities, já que se trata do maior gatilho para o crescimento chinês. O Índice de gerente de compras industrial (PMI, na sigla em inglês) voltou à níveis abaixo de 50, o que mostra contração da atividade.
Há muitas dúvidas sobre um eventual novo patamar do ritmo de crescimento chinês, a despeito do que foi feito na última década, e como isso impacta com o ciclo de commodity.
EUROPA
Os bancos Centrais europeus devem prosseguir elevando os juros ao longo do segundo semestre de 2023, já que a inflação (principalmente no núcleo, ou seja, itens não sazonais e não voláteis) ainda não mostra sinais de enfraquecimento. Vale lembrar que a Europa foi a última grande região desenvolvida e iniciar seu ciclo de aperto monetário (aumento de juros) e somente agora, a atividade industrial começa a perder algum dinamismo, enquanto a inflação de serviços segue acelerando.
O aumento de 0,25% na última reunião do Banco Central Europeu, embora esperado por boa parte dos agentes de mercado, traz dúvidas sobre o ritmo do aperto monetário, abrindo espaço para seja necessária mais contração para ancorar novamente as expectativas.
BRASIL
A atividade econômica nos parece continuar em uma tendência ascendente, o que foi confirmado pelo bom crescimento do PIB no primeiro trimestre (1,9%). Ainda que a inflação a frente seja beneficiada pelo alívio de preços das commodities agrícolas e dos combustíveis no mercado interno (fim da paridade de preços internacional da Petrobras) a atividade mais forte, com tendência de alta, sugere ainda uma necessidade de monitoria continua e talvez uma taxa de juros em níveis restritivos por mais tempo. A mensagem do Banco Central nos parece mais leve, reconhecendo – além dos desafios a frente – uma melhora em relação as perspectivas e ancoragem.
O avanço da agenda fiscal somado a percepção da estabilidade inflacionaria contribuíram para um bom mês nos ativos locais de risco. A taxa de desemprego se estabiliza nos arredores de 8%, enquanto a renda real registra crescimento acima de 10%.
Em junho, esperamos que o conselho monetário nacional altere o regime de metas da inflação, com mais chance de mudar o período de coleta do que o número absoluto.
BOLSA, JUROS E CÂMBIO.
O Ibovespa subiu 3,7% em maio. O SP 500 (principalmente índice do mercado acionário americano) ficou estável. Minério de ferro e petróleo caíram próximo a 10%, com a demanda menor da China e o ainda presente fantasma de uma recessão global.