Internacional
A condução da política monetária americana gera impacto na economia de todos os países. Vivemos sobre o cenário onde a maior economia do mundo se encontra em um processo contracionista, praticando sistemáticos aumentos de juros.
A atividade econômica e a inflação no setor de serviços, a despeito do também pressionado núcleo inflacionário do CPI (IPCA norte americano) mostram-se muito resilientes, o que sustenta a perspectiva de manutenção das taxas de juros em patamares elevados.
Em um dos lados da balança, temos um FOMC aparentemente irredutível na convergência da inflação à meta e, principalmente, a ancoragem das expectativas, enquanto no outro, temos linhas relevantes para a devida condução sadia de uma boa política monetária em uma complexa acomodação.
O remédio amargo dos juros tem efeitos colaterais, tivemos um segundo episódio de grande instituição se tornando insolvente (FRB – First Republic Bank); embora este evento tenha sido – pensando sob a ótica da repercussão – bem menos nocivo ao sentimento geral dos mercados em comparação ao SVB (principal banco das startups), a pressão sobre a postura restritiva do FED e o cenário adiante nos parece maior.
A despeito de que o sistema bancário americano seja muito mais sólido e fluído do que na última grande crise financeira subprime em 2008, ainda pairam dúvidas se os dois últimos grandes casos (FRB e SVB) foram isolados. Ressaltemos a clara boa vontade em discutir e monitorar a qualidade dos bancos sistemicamente importantes, a despeito da quantidade de instituições bancárias no mercado americano (mais de 4200).
A leitura do mercado perde força em projetar onde será o ciclo terminal do aperto dos juros do FOMC, e começa a tentativa de antecipar quando vira o primeiro corte de juros, e quanto dele (além de quando) já está precificado.
China
A economia chinesa, que segue em recuperação, caminha para um crescimento na casa dos 6% em 2023. A reabertura deste rotor de crescimento global tem impacto positivo em muitos mercados (principalmente da ordem emergentes), e poderia ser um propulsor para uma balança comercial muito favorável, além de destravar valor de vários negócios e setores de impacto para o mercado brasileiro.
Seguimos monitorando a recente sinalização governamental de redução cautelosa para os principais programas de estímulos estabelecidos em 2020, o que tem um efeito neutralizador sobre o, por hora, tímido viés de alta nos níveis de atividade econômica. A postura do líder comunista chines Xi Jinping segue à risca a narrativa de crescimento via expansão do mercado interno, sendo o setor imobiliário o maior as de crescimento do país.
Europa
A Europa também não passou ilesa do cenário global de aperto monetário; o Credit Suisse – CS, banco centenário que apresentou problemas na condução, gerenciamento e manutenção de suas atividades nos últimos anos, foi incorporado pelo UBS em um ágil movimento intermediado, inclusive, pelo Banco Central Suíço.
Quando comparamos a situação atual do sistema bancário europeu com sua respectiva situação na última crise, concluímos que o cenário bancário parece muito mais resiliente agora (os índices de Capital Buffer – excesso sobre o capital mínimo requerido são muito maiores que, por exemplo, os bancos americanos, incluindo os sistemicamente importantes) e que o caso do CS deve ser isolado.
Ademais, com um arranjo econômico pior que o americano em várias óticas – principalmente em tons inflacionários, enxergamos que ainda há muito a ser feito em termo de aperto monetário, sendo certamente é a região mais atrasada na condução do ciclo de alta de juros, sendo uma avaliação sobre eventual recessão (e sua respectiva profundidade) prematuras por hora.
Brasil
A proposta do tão aguardado arcabouço fiscal seguiu para apreciação dos legisladores; o programa, de forma geral, seguiu as indicações dadas nos tubos de ensaio feitos pelo governo. O rearranjo fiscal está se desenvolvendo em um ritmo bem menor que o previsto, o que ajuda a manter certa pressão sobre os vértices longos da curva de juros, mesmo com sinalizações claras de um eventual início de ciclo de afrouxamento monetário ainda em 2023.
No âmbito político, ainda há pressão por aumento de despesas, o que naturalmente acarreta uma carga tributária pulsante nos próximos anos. O envio da proposta de arcabouço inicia, também, um maior coro por eventual flexibilização na política contracionista do BC, que se mantem conservador em buscar a tão almejada ancoragem de expectativas inflacionárias, com sua respectiva regressão a meta.
O índice Ibovespa subiu 2,5% em abril, acumulando queda de 4,8% no ano. O índice SP500 fechou em alta de 1,5% no mês, subindo 8,6% no acumulado de 2023. Enquanto o juro futuro curto (vértice 2025) subiu 5 pontos base em abril, o juro médio (vértice 2029) caiu 40 pontos base.
Abaixo alguns indicadores: